top of page

PESADELO, OU PREMONIÇÃO?

O fenômeno começou no início de um novo governo, quando as contas da previdência, já não fechavam, só crescia o número de idosos no País e jovens se tornara uma espécie rara de pessoas, eles eram idolatrados e amados, e assim nascia uma geração de “mimimados” era assim chamados por causa de um termo muito utilizado na época, pra quem reclamava da situação, mimimi, gente que protestava, que percebia que havia algo de errado, eram tidos como intimistas ,negativistas ,pessimistas, eles ficavam marginalizados pelos então nova geração ,os Bimodais.

O bairro, antes, todo ele de casas térreas, e grandes quintais, desapareceram na voragem do tempo, e surgia ali imensos arranha céus, eram tantos os prédios, e os espaços necessários para moradia, que de longe, parecia não existir mais ruas ,na verdade, nem precisava mais destes espaços ,calçadas, ruas, tudo se tornou um grande labirinto PARA AQUILO QUE UM DIA FOI CALÇADAS, E RUAS, os carros eram voadores, as pessoas saiam também de suas casas pelo dispositivo móvel, uma espécie de linha ,que levava seus corpos de um local a outro como se tivessem ligados por um cordão umbilical, eles só saiam pelas imediações, não havia ali amigos , isso era coisa de desocupados, coisa de gente do século XX, eles iam em alguma missão , enviados pelo governo, como uma espécie de trabalho, o Estado cuidava assim de seus cidadãos, era o que mantinham as pessoas em ação, e assim pagavam por suas moradias, um cubículo que só cabia uma só pessoa, não havia janelas, não havia cozinha o alimento era em forma de pílulas ,e aquilo que o corpo rejeitava era reaproveitados por uma grande tubulação, para que a urina e fezes voltassem para a natureza, agora extinta ,a merda, sempre é merda, mas naqueles dias eram reaproveitadas para fazer as pílulas comestíveis, tudo era reaproveitado adequadamente, era a sustentabilidade em prática.

As ruas, eram para bandidos e malfeitores, eram labirinto de toda espécie de degradação social, um cheiro nauseabundo de todas espécies de alimentos processados ali mesmo na rua, sem a menor regra de higiene, e nem se sabia o que estava a comer ,era uma espécie de uma nova forma de alimentos, com a cara daquilo que antes existiu, como cachorro quente por exemplo , tinha a forma de pão com a salsicha, mas não era pão e salsicha, os churrasquinhos da mesma forma, e assim o tão amado cafezinho, pão de queijo, tinha de tudo ali , tudo que um dia existiu ,havia ali ,mas parecia, tinha a forma ,mas não era, mas ninguém sabia mesmo , já que não existia mais pessoas do século XX, porque toda a forma de vida ali na baixada, como era chamado as ruas ,era uma cópia daquilo que um dia foi.

Mas fervilhava ali de gente, que saiam do esquema, e iam ali pra se divertirem, vinha gente não só de cima, mas de outras cidades, com o mesmo esquema. Mas ali, era a linda cidade do Rio de Janeiro, ah! O mar não mais existia, foi tudo tomado por prédios imensos, foi o grande BUM da explosão demográfica, era muita gente! ali, nas ruas, havia as boates, as danceterias, era uma cópia daquilo que um dia teve no mundo ,mas ali, nada era “civilizado” havia muitos criminosos, gente que queria ter o direito de morar lá em cima, ou em outra cidade mas estavam sitiados para sempre ,ou que fossem para as cabines de expurgo, a única forma de escapar daquele destino, daquela forma de vida, eles não faziam parte, tinham de ficar ali, na degradação, na sujeira, mas a vida ali ainda era melhor, tão melhor, que havia um turismo, pessoas dos andares superiores, apareciam nos fins de semana, pra se divertirem em seus cassinos, jogos de bicho, todos ,enganava o sistema, pois não deveriam ir ali ,era como uma contravenção, mas e se deixava ali muito “dinheiro”, o fluxo de dinheiro era grande, e as autoridades não tomavam conhecimento, pois se beneficiavam também ,fluía tão bem, e crescia tanto, que alimentava o setor de cima, os de baixo ,achavam, que ali em cima ,estava o futuro ,e os de cima, as vezes saiam pra dar um role, pelas ruas cheias de “ninfetas”, velhas senhoras, horrendas, que insistia em se vestir como colegiais, saias tão curtas com seus traseiros de fora, meias de seda rasgadas, coturnos nos pés, correntes, pircing, tatuagens, cabelos desgrenhados pintados de todas as cores, jamais, ali, alguém viu, a textura e a cor de um cabelo natural, e nem havia, todos ali ,na verdade, eram carecas, ou possuíam muito poucos cabelos, corpos seco e enrugado, pois água ali era uma raridade, os velhos , de gênero masculino, ainda piores, andavam quase nus, com o corpo todo tatuado, a tal ponto, que não se percebia suas partes íntimas ao vento, vento? Isso nem existia só através de ventiladores gigantescos que rodavam incessantemente porque tudo ali era sufocante.

Como sabem, jovens, estavam em extinção, e se aparecesse ali, mesmo como turista, se desse sorte de sair dali, sairia pra contar o que viu, mas a maioria ia pros SELFIE, uma espécie de prostíbulos virtuais, para serem olhados, vigiados 24 horas, todos não queriam perder um minuto desta juventude, que ali ficavam expostos, destro de uma espécie de vitrine, até morrer ,e eles morriam ainda jovens, pois não suportava a carga de trabalho , aquele exibição o tempo todo ,exauriam suas forças.

Ali, era sempre noite, o sol não entrava, a luz que se viam , eram dos outdoors imensos, com suas propagandas, TV sendo reprisado imagens de novelas do século XX o tempo todo ,filmes era a cidade, um imenso telão ,de tudo fervilhando nas telas, todos que ali moravam viviam voltado para as artes, poetizavam “dia” e noite ,dançavam, tocavam velhos instrumentos, teatro, era nas ruas ,absolutamente tudo gratuito, em cada esquina tinha gente cantando declamando, e fazendo peças teatrais, era possível ter um clássico ,como Romeu e Julieta, e aplaudido pela massa fedorenta que se exprimia pra ver a peça predileta. Mas distraídos eles achavam que eram felizes, sem medo de ser feliz, viviam!

O ano era 2090 , mas como em todos os tempos, havia um local inóspito, no meio daqueles arranha céus ,existia uma casa, a única que ficara de pé naquele espaço, mas uma casa intransponível ,com imensa vegetação, que cresceu sobre o telhado, por todo o quintal fazendo com que a casa e as árvores e raízes fosse uma só amálgama, nem que você quisesse pular para entrar ali ,dava pé, poderia sucumbir como uma areia movediça, só que você era engolido pelas raízes das árvores gigantes, era inabitável, árvores imensas com troncos grossos cresceram sobre todo o quintal, em torno da velha casa da Rua Moreira,a única que ainda continuava de pé. Era a única casa “restante “ porque assim contava os vídeos, que pipocavam no youtuber”,os poucos jovens que existiam, adoravam saber dessas histórias, os jovens destes dias ,sabia que todos os idosos não sofreria como sofreu a senhora que morou naquela casa , o que acontecia com os idosos, daqueles dias não ocorria nos dias atuais, aqueles que que não se atualizavam ,que não se ajustavam, que não tinham família e que não podia mais trabalhar eram expurgados numa espécie de sanitário químico, colocado em vários setores, e ali ,seus corpos eram degradado, sem deixar marca nem odor, nem dor. Mas a idosa daquela casa que ali permaneceu, intransponível ,não teve a mesma sorte dos idosos destes dias de 2090 ,conta, no vídeo , que estava em alta no youtuber ,dentre outros, que contavam caso de casas mal assombradas, que a irmã ,dessa senhora , que morava ali, tentava entrar para ver sua irmã ,mas ela nunca conseguiu , morreu doida pelas ruas gritando que sua irmã estava sendo mantida em cárcere privado ,por uma moradora da casa dos fundos, e essa irmã, tentava entrar ali, para ter notícias de sua irmã ,mas isso nunca foi esclarecido, se a senhora tinha sido mantida ali , junto de seu fiel animal, as árvores, de troncos e raízes imensas, filtraram o mau odor de seus corpos, era como se as pessoas ali, se é que havia , fossem engolidas pelas grandes árvores, e raízes ,ao lado de um portãozinho de ferro também comido pelas espessa vegetação , podia se ver o esqueleto de um animal, parecia um cachorro. Não se sabiam seus nomes, nem quem um dia foram, só se sabe que tudo ali agora, ao derredor, lotado de prédios altíssimos, tinha aquele espaço, que um dia foi uma casa, com crianças brincando, pequenos jardins, casa em que morou quatro meninas lindas, mas que só existia no sonho de consumo de todos, seja de cima, ou de baixo, porque não havia mais a juventude, nem crianças, nem seus animais de estimação tudo foi engolido pelo tempo e espaço.

Os degredados, tinham de animais de estimação, jacarés, toda espécie de répteis na coleira, mas cachorros não mais existiam, só na imaginação, e em filmes.

ACORDEI.

Graças a Deus !Foi um pesadelo...

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page